O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma condição complexa que vai além dos sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade frequentemente citados. Este transtorno envolve deficiências cognitivas amplas e pode afetar a linguagem e a coordenação motora. Embora os sintomas centrais possam estar presentes, uma pessoa diagnosticada com TDAH não precisa necessariamente apresentar todos ao mesmo tempo.

Estudos indicam que cerca de 5% das crianças e 2,5% dos adultos têm TDAH, mas apenas 20% das crianças diagnosticadas recebem o tratamento adequado. O tratamento, que visa melhorar os sintomas e a qualidade de vida, pode incluir terapia cognitivo-comportamental e medicação.

Redes sociais como o TikTok têm divulgado vídeos curtos que sugerem sintomas do TDAH, como inquietação nas pernas e agitação durante o sono. Contudo, o diagnóstico deve ser feito por um médico, após uma avaliação clínica detalhada. Psicólogos podem identificar sinais do transtorno e encaminhar para um psiquiatra ou neuropediatra, mas apenas exames clínicos podem confirmar o diagnóstico.

O psiquiatra Elton Yoji Kanomata, do Hospital Albert Einstein, alerta para o risco de diagnósticos errados, já que muitos pacientes chegam ao consultório acreditando ter TDAH, quando na verdade sofrem de ansiedade ou depressão, transtornos que também podem causar desatenção. O especialista Guilherme Polanczyk, da USP, complementa que a falta de diagnóstico adequado é um problema grave, já que muitos pacientes não recebem tratamento e enfrentam sérios prejuízos.

Os sintomas do TDAH geralmente aparecem antes dos 12 anos e tendem a melhorar com a idade, mas não desaparecem completamente. As crianças diagnosticadas podem manter alguns sintomas na fase adulta, como dificuldade de concentração e impulsividade. Para um diagnóstico de TDAH, é necessário que seis dos nove sintomas de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade persistam por pelo menos seis meses e afetem negativamente o funcionamento da pessoa.

Os principais sintomas de desatenção incluem: dificuldade de focar em tarefas, esquecer compromissos, perder objetos com frequência, e ser facilmente distraído por estímulos externos. Quando esses sintomas se manifestam em diferentes ambientes, como em casa, na escola ou no trabalho, e afetam negativamente a vida cotidiana, podem ser indicativos de TDAH.

Os sintomas de hiperatividade e impulsividade incluem dificuldade em ficar parado, falar excessivamente, não esperar a vez para falar ou interromper os outros. Também é comum a agitação e o comportamento impulsivo, como levantar-se em situações em que isso não é apropriado.

O tratamento do TDAH não oferece cura, mas pode melhorar significativamente os sintomas. Isso inclui terapia cognitivo-comportamental e medicamentos, como psicoestimulantes (metilfenidato e lisdexanfetamina). Em casos em que esses medicamentos não são eficazes ou bem tolerados, a atomoxetina e a bupropiona podem ser alternativas. O tratamento também envolve acompanhamento médico, pois medicamentos podem ter efeitos colaterais, como aumento do risco cardiovascular e dificuldades com o sono.

A prescrição de medicamentos deve ser cuidadosamente ajustada, levando em conta fatores como a idade do paciente e o risco de efeitos adversos. Além disso, pausas no tratamento, como nos finais de semana, podem ser indicadas.

O TDAH pode afetar vários aspectos da vida, como o desempenho acadêmico, profissional e as relações familiares. Estudos sugerem que pessoas com TDAH têm maior risco de problemas como acidentes, uso de substâncias, irritabilidade e distúrbios do sono. A desregulação emocional, a dificuldade de esperar e a procrastinação são queixas comuns.

Pessoas com TDAH podem ter um desempenho excepcional em determinadas áreas, mas enfrentar desafios significativos em outras. Embora os sintomas possam ser mais leves na fase adulta, a dificuldade de gerenciamento de tarefas, a procrastinação e o esquecimento de compromissos continuam a ser um problema.

O diagnóstico do TDAH deve ser feito por um profissional de saúde qualificado, como psiquiatra ou neuropediatra, após uma avaliação clínica detalhada. Testes neuropsicológicos podem fornecer informações adicionais, mas não confirmam o diagnóstico por si só. O tratamento adequado pode melhorar a qualidade de vida, mas exige acompanhamento médico contínuo. A conscientização sobre o transtorno está crescendo, mas ainda existem estigmas e desafios no diagnóstico e tratamento, especialmente na fase adulta.